A empresa familiar é o alicerce da economia de qualquer país. Não apenas no primeiro mundo, onde constatamos a Alemanha e a Itália, com percentuais que superam os 90% de empresas familiares, mas também no Brasil, com percentuais que sobrepõem os 80%, tais empresas demonstram que são as grandes máquinas geradoras de riquezas dos países. Mesmo com muitas receitas de sucesso, nada supera a força e a dedicação familiar na geração de novos negócios e oportunidades.
Da mesma forma que são dominantes, as empresas familiares são especiais. A empresa é uma extensão das casas, das origens, das culturas e das histórias. A produção familiar ultrapassa as paredes da empresa e chegam aos lares, às mesas de jantares, às reuniões mais íntimas. O que é decidido e elaborado transpõe o racional econômico e passa pela paixão e pelo sentimento desenvolvido em experiências de vidas.
O grande trabalho do especialista é perceber as necessidades que esse ramo econômico necessita. A sensibilidade do profissional vai além de esquemas matemáticos, estratégicos ou jurídicos, devendo adentrar não apenas nos aspectos práticos da separação entre família, propriedade e gestão, mas em toda a carga emocional e carga cultural que essa composição requer.
É com competências interdisciplinares, estratégia e sensibilidade, portanto, que os anseios dos fundadores e as perspectivas contínuas de seus sonhos devem ser atualizadas e respaldadas nos planos jurídicos e econômicos de seus herdeiros, inclusive para definição do momento ideal para as mudanças necessárias, seja para a sucessão, seja para a profissionalização ou para passos mais arriscados.
Acreditamos, portanto, que a identificação e implementação de medidas de governança familiar, corporativa e jurídica são estratégias essenciais para sua perpetuidade, esforço que não esgota no Direito, ou na Administração, mas também na Psicologia e na Sociologia.
Juliana Abreu
Sócia da Abreu, Barbosa e Viveiros Advogados